Pesquisa mundial realizada pela PwC mostra que os executivos brasileiros veem na incerteza tributária uma ameaça maior aos negócios do que o coronavírus
Nada ameaça mais a longevidade das empresas no Brasil do que a incerteza na política tributária, nem mesmo o coronavírus. Essa é a visão dos executivos brasileiros entrevistados para a realização da 24ª Pesquisa Anual Global de CEOs da PwC, realizada pela empresa de consultoria com pouco mais de 5 mil líderes empresariais em cem países.
No Brasil foram ouvidos 144 CEOs. A “incerteza na política tributária” foi mencionada por 56% dos entrevistados, ficando no topo das preocupações com ameaças comerciais, econômicas, políticas, sociais e ambientais para o crescimento da empresa. Logo atrás, com 54% das menções, está a “pandemia e outras crises sanitárias”. Na terceira e quarta posição do ranking, respectivamente com 53% e 51% das menções, a burocracia tributária volta a ser mencionada, seja pela preocupação com “incerteza com relação a políticas” ou “aumento de obrigações tributárias”.
Os números globais mostram um retrato diferente com a “pandemia e outras crises sanitárias”, liderando a lista de preocupações dos executivos ao redor do mundo, que temem ainda “ameaças cibernéticas” e “excesso de regulação”.
A pesquisa da PwC mostrou também que, ao considerar as ameaças para o gerenciamento de risco estratégico de seus negócios, 59% dos CEOs brasileiros têm seu foco no “aumento das obrigações tributárias”, enquanto que ao redor do mundo isso é uma prioridade para apenas 33% dos executivos.
No Brasil, os CEOs acreditam ainda que o aumento na dívida pública provocada pela pandemia vai refletir em mais tributos. Para 52% dos entrevistados haverá aumento de obrigações tributárias sobre seus negócios – no mundo apenas 40% concordam com essa afirmação – o que levará 56% dos executivos nacionais a ter que rever suas estruturas de custos.
“Estamos vivendo um momento muito complicado e os executivos enxergam que a carga tributária, que já é alta no Brasil, pode aumentar mais para suportar os gastos do governo no combate à pandemia”, diz Fernanda Souza, diretora comercial da Easy-Way do Brasil, uma das maiores desenvolvedoras de sistemas tributários, fiscais e contábeis do país.
Para Fernanda, essa situação vai acelerar a corrida pela automatização para o tratamento da burocracia tributária. “As empresas não podem determinar sua própria carga tributaria, mas podem investir em tecnologia e informatização para reduzir custos de retrabalho, horas-extras e autuações em virtude de erros”, avalia a diretora comercial da Easy-Way.
Apesar de toda a preocupação com os tributos, a pesquisa mostrou que os executivos locais também são mais otimistas que seus colegas internacionais. Enquanto 85% dos brasileiros acreditam que a economia mundial terá um desempenho melhor em 2021, no mundo essa é a expectativa de 76%.